Quem imaginaria que quatro minutos poderiam mudar a vida de alguém? Mas é exatamente o que acontece com Hadley. Presa no aeroporto de Nova York, esperando outro voo depois de perder o seu, ela conhece Oliver. Um britânico fofo, que se senta ao seu lado na viagem para Londres. Enquanto conversavam sobre tudo, eles provam que o tempo é, sim, muito, muito relativo. Passada em apenas 24 horas, a história de Oliver e Hadley mostra o que o amor, diferentemente das bagagens, jamais se extravia.
Imagine que você mora com seu pai e sua mãe e você tem uma vida aparentemente perfeita, em que todos na sua casa são felizes e realizados, em Connecticut, nos Estados Unidos. Até que o seu pai, que leciona numa pequena faculdade tem a chance de trabalhar em Oxford, mas para isso, precisa se mudar para Londres e manter um contato a distância com sua família. Até aí, tudo bem. Mas imagina se seu pai se apaixona por uma outra mulher - bem mais nova do que ele - e larga a sua mãe, decidindo viver em Londres permanentemente e, a propósito, sua relação com ele deixa de ser a mesma e fica muito mais fria e distante? Pois é essa a situação de Hadley, quando ela tem que partir de NY para ir ao casamento do seu pai que essa suposta mulher - que por acaso nunca viu na vida - e que acredita ter sido o pivô da separação de seus pais e de toda a infelicidade que ela e sua mãe sofreram quando ocorreu o divórcio.
Para piorar a situação, na véspera do casamento e no dia em que ela tem que pegar o avião, Hadley esquece do livro, vê que seu vestido de madrinha tem as alças curtas demais, corta o dedo, perde o carregador do celular, o passaporte, o dinheiro do pedágio, a rodinha da sua mala emperra e - o grand finale - ela perde o voo para Londres por apenas 4 minutos de atraso (confesso que eu já teria me matado a essa altura do campeonato).
A autora do livro, Jennifer E. Smith |
Seu dia estava realmente péssimo, até que ela conhece Oliver ainda no aeroporto, um estudante da Universidade de Yale que, por alguma razão do destino, está com a passagem paga para o mesmo voo da garota e tem uma vaga garantida quase que ao lado dela, no avião. Com um sotaque inglês, que a princípio Hadley zomba em todas as oportunidades possíveis, Oliver consegue fazer a viagem da nossa protagonista a menos atormentante possível, fazendo-a perceber que a visão radical que ela tinha sobre pessoas e relacionamentos estava completamente equivocada.
Mas o enredo não se concentra somente na viagem, mas nas lições que Hadley aprende sobre o casamento do seu pai e em como é tranquilo seguir em frente diante das mudanças que ocorrem ao longo do tempo. Resumido em 222 páginas, que relatam exatamente o período de 24 hs da vida da protagonista, Jennifer E. Smith destaca que as pessoas são muito mais do que o que julgamos que elas sejam e que, apesar de todos os problemas que nós temos, sempre haverá uma pessoa tendo que lidar com uma situação pior.
No mais, A probabilidade estatística de um amor a primeira vista - ufa! - é o tipo de livro para ler sem pressa, na tranquilidade de uma madrugada e que faz pensar em como coisas inacreditáveis podem acontecer conosco em um dia aparentemente normal ou com tudo para ser o pior e mais agitado da sua vida. Inclusive, é complicado não se imaginar em uma maratona pelo aeroporto e de, repente, encontrar o "amor da sua vida" ou qualquer história que uma mente imaginativa possa criar. Enfim, A probabilidade estatística tem tudo para ser uma narrativa engraçada, leve e envolvente e te fazer parar no tempo e pensar sobre uma vida, como se você estivesse dentro de uma avião conversando com uma pessoa muito mais que agradável.