domingo, 21 de julho de 2013

"A probabilidade estatística do amor à primeira vista", de Jennifer E. Smith

Quem imaginaria que quatro minutos poderiam mudar a vida de alguém? Mas é exatamente o que acontece com Hadley. Presa no aeroporto de Nova York, esperando outro voo depois de perder o seu, ela conhece Oliver. Um britânico fofo, que se senta ao seu lado na viagem para Londres. Enquanto conversavam sobre tudo, eles provam que o tempo é, sim, muito, muito relativo. Passada em apenas 24 horas, a história de Oliver e Hadley mostra o que o amor, diferentemente das bagagens, jamais se extravia. 


Imagine que você mora com seu pai e sua mãe e você tem uma vida aparentemente perfeita, em que todos na sua casa são felizes e realizados, em Connecticut, nos Estados Unidos. Até que o seu pai, que leciona numa pequena faculdade tem a chance de trabalhar em Oxford, mas para isso, precisa se mudar para Londres e manter um contato a distância com sua família. Até aí, tudo bem. Mas imagina se seu pai se apaixona por uma outra mulher - bem mais nova do que ele - e larga a sua mãe, decidindo viver em Londres permanentemente e, a propósito, sua relação com ele deixa de ser a mesma e fica muito mais fria e distante? Pois é essa a situação de Hadley, quando ela tem que partir de NY para ir ao casamento do seu pai que essa suposta mulher - que por acaso nunca viu na vida - e que acredita ter sido o pivô da separação de seus pais e de toda a infelicidade que ela e sua mãe sofreram quando ocorreu o divórcio. 
Para piorar a situação, na véspera do casamento e no dia em que ela tem que pegar o avião, Hadley esquece do livro, vê que seu vestido de madrinha tem as alças curtas demais, corta o dedo, perde o carregador do celular, o passaporte, o dinheiro do pedágio, a rodinha da sua mala emperra e - o grand finale - ela perde o voo para Londres por apenas 4 minutos de atraso (confesso que eu já teria me matado a essa altura do campeonato).
A autora do livro, Jennifer E. Smith
Seu dia estava realmente péssimo, até que ela conhece Oliver ainda no aeroporto, um estudante da Universidade de Yale que, por alguma razão do destino, está com a passagem paga para o mesmo voo da garota e tem uma vaga garantida quase que ao lado dela, no avião. Com um sotaque inglês, que a princípio Hadley zomba em todas as oportunidades possíveis, Oliver consegue fazer a viagem da nossa protagonista a menos atormentante possível, fazendo-a perceber que a visão radical que ela tinha sobre pessoas e relacionamentos estava completamente equivocada. 
Mas o enredo não se concentra somente na viagem, mas nas lições que Hadley aprende sobre o casamento do seu pai e em como é tranquilo seguir em frente diante das mudanças que ocorrem ao longo do tempo. Resumido em 222 páginas, que relatam exatamente o período de 24 hs da vida da protagonista, Jennifer E. Smith destaca que as pessoas são muito mais do que o que julgamos que elas sejam e que, apesar de todos os problemas que nós temos, sempre haverá uma pessoa tendo que lidar com uma situação pior. 
No mais, A probabilidade estatística de um amor a primeira vista - ufa! - é o tipo de livro para ler sem pressa, na tranquilidade de uma madrugada e que faz pensar em como coisas inacreditáveis podem acontecer conosco em um dia aparentemente normal ou com tudo para ser o pior e mais agitado da sua vida. Inclusive, é complicado não se imaginar em uma maratona pelo aeroporto e de, repente, encontrar o "amor da sua vida" ou qualquer história que uma mente imaginativa possa criar. Enfim,  A probabilidade estatística tem tudo para ser uma narrativa engraçada, leve e envolvente e te fazer parar no tempo e pensar sobre uma vida, como se você estivesse dentro de uma avião conversando com uma pessoa muito mais que agradável. 

"Pandemônio", livro #2 - Coleção Delírio, de Lauren Oliver


Lauren Oliver volta brilhante mais uma vez em Pandemônio, para continuar a história de Lena Haloway desde sua passagem para a Selva - a terra dos inválidos - e após perder Alex, que dera a vida para que isso fosse possível. Assombrada pelo fantasma de seu primeiro amor e pelos meses de luta por sobrevivência dentro da Selva, Lena vive escondida sobre as ruas de New York, com Graúna e Prego, no meio de uma revolução que estoura na cidade e que ameaça abolir o sistema contra o Delíria. Seu trabalho é se infiltrar pelas associações a favor da intervenção contra a "grande doença" e ajudar os rebeldes a porem fim num dos governos mais opressores da história dos Estados Unidos. 

Admito que Pandemônio não teve a quantidade de romance presente no primeiro livro da série, Delírio, mas o quesito personagens deu de dez a zero com relação ao livro anterior. Na sequência da coleção, nos damos de cara com Graúna, Prego, Azul, Alistar, Sarah e Julian, personagens muito mais interessantes e que causam bem mais empatia do que no primeiro livro da série - onde, além da indecisa Lena, a gente só se deparava com sua amizade com Hana, a sensualidade de Alex e só. Finalmente a grande revolução entre os rebeldes - também conhecidos como inválidos - e o governo começa pra valer e com isso, o livro ganhou as desejadas cenas de ação e ficou bem mais saboroso - afinal, ninguém vive só de romances calientes, confessem. O grande detalhe é: Lena, após meses e meses sofrendo dentro da Selva e tentando se adaptar com as figuras misteriosas e autoritárias - or, or, Graúna - dentro do lar que a salva da beira da morte, finalmente consegue se transformar em uma garota madura e determinada a proteger as pessoas com quem ela se importa.

Sem contar que um bofe aparece na história para balançar o coração de Lena: Julian Fineman, o filho do líder da ASD - Fundação América Sem Delíria, que ela era encarregada de espionar - que tinha sofrido um grande problema de câncer, mas apesar do risco de morte para fazer a cirurgia, estava determinado a ser sacrificar "em prol da nação". Os grandes problemas que os dois passam juntos e até separados ao longo do enredo fazem com que eles se unam cada vez mais e descubram algo em comum: ambos estão cansados de viver sob ordens dos outros e querem ser felizes do jeito deles. 
Temos também uma breve explicação sobre o que aconteceu com a mãe da nossa protagonista: afinal, o que houve com ela depois que fugiu das Criptas? Onde ela foi parar? O que ela faz da vida? Bem, algumas dessas perguntas são respondidas.
Porém, eu confesso que o final, momento que considero o ápice do livro - pode isso, produção? - foi bombástico e quase que inacreditável! Só não fiquei completamente chocada porque no inicio da minha leitura, imaginei se seria possível que o fato mostrado no final acontecesse. Mas mesmo assim, é difícil encontrar um leitor que não tenha ficado passado com término de Pandemônio e super ansioso para Requiem, última obra da trilogia - ainda sem tradução no Brasil. 
Enfim, considero Pandemônio intrigante, emocionante e, como já não é novidade nos livros de Oliver, impossível não parar de ler até terminar! Mas o mais importante: não vai faltar cenas 
românticas para trazer a velha sensação térmica de calor às leitoras apaixonadas.