terça-feira, 26 de junho de 2012

"Se eu fechar os olhos agora" - Edney Silvestre

E aí, galerinha? Depois de muito tempo sumida, resolvi aparecer por aqui com mais um romance: "Se eu fechar os olhos agora", do jornalista e escritor brasileiro Edney Silvestre.
Esse é o tipo de livro que você não costuma encontrar nos TOP vendas das livrarias, mas que escolas costumam passar como paradidático. Mas com certeza vale a pena ler esse livro e você vai saber o porquê!


"Edney Silvestre não me surpreendeu com o romance Se eu fechar os olhos agora: sua penetração psicológica, respeito e visão aguda das questões literárias ao entrevistar autores demonstrava que ali havia um escritor de primeira". - Lya Luft
"Um thriller envolvente, que vai em busca da infância de suas criaturas, num romance que nos enreda pelos diálogos ágeis, bem-humorados e inteligentes" - Lívia Garcia-Roza. 
Resenha: Duas visões, um mesmo mundo
Era uma manhã como outra qualquer para Paulo e Eduardo, até se depararem com o corpo violentado e multilado de uma jovem mulher às margens de um lago na antiga zona de plantação de café fluminense, onde costumavam passar as horas. Enquanto viva, Anita, a dona do corpo, era uma jovem de vinte e poucos anos muito conhecida na sua cidade, mal falada, casada com um respeitável dentista. Com uma morte misteriosa, o possível assassinato da esposa do dentista chama a atenção de todos, inclusive dos garotos, que duvidando do resultado da perícia policial, passam a investigar por si mesmos o crime. Eles convidam Ubiratan, um ex-comunista que morava num asilo da cidade, para auxiliá-los a desvendar os mais difíceis desafios durante a investigação.
“Se eu fechar os olhos agora” é um romance instigante do jornalista e escritor Edney Silvestre, antigo correspondente internacional do jornal “O Globo” e da TV Globo em Nova Iorque, entre os anos de 1991 e 2002. A obra rendeu ao autor o 52º Prêmio Jabuti na categoria Melhor Romance 2010, superando obras de Chico Buarque (Leite Derramado) e Luís Fernando Veríssimo (Os Espiões).
A genialidade de Silvestre tem um motivo: o autor narra a história sob dois pontos de vista. Um mais infantil e inocente, que fica à margem dos acontecimentos mais chocantes da história e uma adulta, nada pura, que fica exposta a todas as barbaridades do “mundo dos mais velhos”, que vão aparecendo enquanto Ubiratan tenta desvendar a história. Assim, Edney pode mostrar tanto uma versão mais realista, sem rodeios, mostrando como aconteceu a morte de Anita de fato (o que foi passado ao personagem Ubiratan) e uma versão menos chocante, que não apresenta muitos detalhes traumatizantes do assassinato e na vida da vítima, além das pessoas que viviam ao seu redor.
É através dessa dualidade entre o “chocante” e o “ameno”, que o autor de “Se eu fechar os olhos agora” revela detalhes de amizade, amor, raciocínio e companheirismo, bem como de violência, mortes, inveja, ambição, traições e muitos amantes, coisas que resultaram no assassinato da prostituta Anita. 
Edney Silvestre também não mede as palavras ao expressar os pensamentos e as ideias do povo da pequena cidade do Rio de Janeiro, durante a história. Em determinadas partes do livro, um leitor despreparado pode “se assustar” com a linguagem utilizada por alguns personagens, que tem o objetivo de  representar o exato pensamento de muitas pessoas daquela época (início da década de 60). Porém, o final surpreendente e o suspense presente no enredo compensam quaisquer defeitos que o leitor possa ter identificado ao ler o livro, que pode ser considerado uma verdadeira obra de arte, já que com pouco, pode representar o mundo em que vivemos.

E então, pessoal? Deu vontade de ler? Aproveitem as férias!
Abraços!

Nenhum comentário: